2.ª Edição



Entrevista ao Professor Doutor Jorge Pereira da Silva



A Livraria UCP entrevistou o atual Diretor da Escola de Lisboa da Faculdade de Direito da UCP, o Professor Doutor Jorge Pereira da Silva. Conheça os seus gostos literários!

Quando surgiu o gosto pela leitura?

Não é fácil dizer quando é que surgiu o gosto pela leitura. Recordo-me de, no ensino secundário, descobrir a literatura portuguesa e acho que foi por aí que se consolidou o gosto pela leitura. Até esse momento é um pouco o aprender a ler e, só a partir daí, é que se começa realmente a tirar prazer da leitura.

Quais os livros que o marcaram?

As primeiras obras com as quais surgiu o fascínio pela leitura foram as de Eça de Queiroz. É de facto uma forma sublime de escrever em português e assim se consolidou o fascínio que eu tenho pela língua, mais até do que pela simples leitura. Acompanha-me um certo fascínio pela língua, o que muitas vezes não se consegue através da leitura de qualquer livro. É preciso que sejam, de facto, livros especiais para se conseguir ter o prazer verdadeiro na leitura.

Quais os escritores que mais o marcaram ao longo da sua vida?

Aí talvez faça uma separação. Na literatura gosto particularmente de Aquilino Ribeiro e de Miguel Torga. Eu, enquanto leitor, preciso de sentir prazer em cada página e preciso de sentir que cada página é um desafio. Há beleza em cada página para descobrir e para experimentar. Não sou propriamente um leitor ávido que leia livros uns atrás dos outros, a uma velocidade enorme apenas pela história que o livro conta. Sou capaz de estar muito tempo numa só página quando encontro aí algo que me fascine, quando a linguagem é uma linguagem balanceada, com ritmo, com imagens, com metáforas. Sou capaz de retirar mais prazer da leitura de uma página do que, seguramente, de um livro inteiro que apenas conta uma história. Também aprecio, e acho bastante interessantes, autores mais recentes como José Saramago – embora não tenha lido muitos livros de Saramago, li poucos considerando a dimensão da obra − ou António Lobo Antunes. Mas, pelo tipo de escrita, prefiro claramente Aquilino [Ribeiro] e [Miguel] Torga.

Gosto também muito de ler obras na área da teoria política, sobretudo autores como Thomas Hobbes e John Locke, que considero os primeiros autores liberais e cuja obra é para mim muito estimulante. Montesquieu e Stuart Mill são ainda autores que me fascinam pela profundidade da reflexão que trazem sobre a natureza humana. São obras que mudaram o curso da história. Foram também muito marcantes livros mais recentes, como por exemplo a “Sociedade Aberta” de Karl Popper ou “A Teoria da Justiça” de John Rawls. São obras fundamentais do século XX e das quais eu retiro também muito estímulo intelectual. Aí, o que está em causa, não é tanto a escrita, mas sobretudo o desafio intelectual que essas obras implicam.

Há algum livro a que acabe sempre por voltar?

Não, não tenho nenhum livro especial ao qual retorne, embora retorne a alguns sem voltar a ler. Isto é, estão sempre presentes e funcionam como referências em determinados momentos da vida. Uma pessoa regressa àquele livro sem necessariamente o reler. Regressa porque ficou com as ideias na cabeça e vai buscá-las quando precisa delas. Os livros, desse ponto de vista, são experiências, e aquelas que são mais marcantes acompanham-nos e quando precisamos delas, quando elas nos ajudam a resolver os nossos problemas, regressamos ao momento em que lemos esses livros.

Uma Teoria da Justiça

Autor: John Rawls
Editora: Editorial Presença | Ano: 2013
ISBN: 9789722317153 | Págs: 452 
PVP: 27,7€ 
Preço UCP: 24,93€ (-10%)



A Sociedade Aberta e os Seus Inimigos

Autor: Karl R.Pooper
Editora:
 Edições 70 | Ano: 2012
ISBN: 9789724416588 | Págs: 526 
PVP: 26,90€ 
Preço UCP: 24,21€ (-10%)