1.ª Edição



Entrevista ao Professor Doutor Henrique Antunes



O gosto pela leitura vem do ambiente familiar:

É um gosto que vem da dinâmica familiar. Sou filho único e por essa razão é fácil fazer com que o livro se torne o nosso melhor amigo, desde que sejamos incentivados para tal. Eu fui. Tive de facto a fortuna de receber, desde pequeno, como prenda de eleição O Livro. Ainda hoje conservo os meus livros infantis.

Conto uma história engraçada: há uns anos atrás, a minha filha, que ainda é pequena, recebeu o seu primeiro livro das mãos da avó, comprado na mesma livraria, em Luanda, onde o meu avô adquirira o primeiro livro da minha mãe. Na nossa família há, pois, um genuíno apreço pelo livro.

Escritores e livros de uma vida...

Na idade juvenil, fui, como tantas gerações, leitor das aventuras de “Os Cinco”. Fui também leitor do Tintim, do Asterix e ainda da banda desenhada de Walt Disney, na versão, então, brasileira.

Na adolescência, cheguei aos clássicos, a Tolstói, Dostoiévski, Máximo Gorki, Gabriel García Márquez ou Kafka. «Guerra e Paz», «Crime e Castigo», «A Mãe», «Cem Anos de Solidão», «O Amor nos Tempos de Cólera» e «O Processo» estão entre os meus livros de eleição. E cheguei aos clássicos portugueses, designadamente a Eça de Queirós, autor que todos os natais recebia em livro de coleção. Li, senão toda, quase toda a literatura de Eça, nesta incluindo a tradução de “As Minas de Salomão”.

Durante tal fase da minha vida, gostei, também, de experimentar autores menos frequentados pelos jovens da minha geração, como Michel Tournier e Carlos Fuentes. Acompanharam-me, ainda, Milan Kundera, Oscar Wilde, George Orwell e Aldous Huxley.

Foram todos livros e escritores que tiveram a sua marca no seu tempo.

O livro da minha vida...

Há dois aspetos que orientam, em especial, a escolha das minhas leituras: a condição humana e o ambiente da narrativa, seja ele geográfico ou temporal. É isso que me faz apreciar romances históricos, designadamente sobre o Império Romano ou sobre o Antigo Egipto. Em registos diferentes, li, com agrado, Colleen McCullough e Christian Jacq.

Neste contexto, refiro aquele que será, porventura, o livro da minha vida: “As Memórias de Adriano”, de Marguerite Yourcenar. A escritora, para quem o livro tanto exigiu e significou no seu percurso literário, imprime ao relato autobiográfico do Imperador Adriano uma estética notável. Adriano expõe a riqueza da humanidade no relato da sua própria vida, descrevendo a juventude, o início da actividade política e as suas relações pessoais, e reflectindo sobre a morte. Em suma, tocou-me a visão profundamente humana e sentida do registo biográfico a duas mãos, à luz das condições exteriores que condicionam a experiência individual de Adriano. Nessa fusão histórica da escritora com o biografado e na reflexão sobre a essência da vida encontro as razões da minha escolha.

Memórias de Adriano

Editora: Babel | Ano: 2006
Autor: Marguerite Yourcenar
ISBN: 9789725684696 | Págs: 264 
PVP: 18,67€ 
Preço UCP: 16,80€ (-10%)