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CESOP realiza dois grandes estudos na Guiné-Bissau em parceria com as Nações Unidas para a Consolidação da Paz e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento

        Impulsionar o sector dos média para maior paz e estabilidade na Guiné-Bissau, Guiné-Bissau CESOP 2020 PNUD

 

O CESOP-Universidade Católica Portuguesa desenvolveu dois grandes estudos sobre os media na Guiné-Bissau, no âmbito do projecto Impulsionar o sector dos média para maior paz e estabilidade na Guiné-Bissau, implementado entre 2018 e 2020 pelo Gabinete Integrado das Nações Unidas para a Consolidação da Paz na Guiné-Bissau (UNIOGBIS) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), financiado pelo Fundo das Nações Unidas para a Consolidação da Paz (PBF). Os resultados dos Estudos foram apresentados em conferência de imprensa, no dia 23 de dezembro de 2020, no Centro Profissional de Jornalismo em Quelelé.  

Foram entrevistados 3572 Bissau-guineenses, em 80 locais de todas as regiões do país (Bafatá, Biombo, Bolama, Cacheu, Gabú, Oio, Quinara, SAB e Tombali), sobre o Uso e consumos dos media pela população na Guiné-Bissau,  entre os dias 6 e 14 de novembro de 2020. E, 30 órgãos de comunicação social, dos quais 26 rádios (4 delas nacionais e 22 comunitárias), 2 televisões, 1 jornal e 1 agência noticiosa foram questionados sobre A realidade socioeconómica dos meios de comunicação social no país, durante o mês de novembro e início de dezembro de 2020. 

A Guiné-Bissau é um país com um potencial tremendo em várias áreas e que tem no seu povo a sua maior mais-valia. Uma população formada e bem informada será sempre e em qualquer lugar um fator de desenvolvimento e enriquecimento dum país. Os dados deste trabalho apontam o crioulo como a língua de contacto entre toda a população e sugerem que o papel desta língua seja reforçado em todas as instituições. O crioulo poderá, assim, ser fator de união entre os Bissau-guineenses e facilitar a boa compreensão da mensagem dos jornalistas. Estes são vistos pela população como mensageiros que trazem até ela, com qualidade, as notícias do país e do mundo. Numa população que procura manter-se informada, como indicam os dados deste estudo, é da maior importância garantir um jornalismo de qualidade, um jornalismo independente e pela verdade. Até pelo perigo, que em todo mundo se revela, da proliferação de notícias falsas (fake news) através de múltiplos canais, mas sobretudo através do mais rápido de todos: a internet. Em todo o lado onde o jornalismo se debilita, fortalecem-se as correntes de mentira e calúnia e enfraquece-se a democracia. Defender um jornalismo independente é defender a liberdade e a democracia.

Aceda, aqui, ao Relatório Final sobre os dois estudos, publicado pela UNIOGBIS Public Information    

A riqueza destes dados não se esgota neste relatório. Em função da vossa leitura deste relatório, poderemos fazer novas análises. Essas análises serão feitas em função de perguntas concretas da vossa parte. Ou seja, com que dúvidas ficaram? O que precisam saber? O que pretendem aprofundar? A partir das vossas perguntas poderemos elaborar um plano de análise que permita explorar de forma mais detalhada os dados. Ficamos a aguardar os vossos comentários. Para qualquer informação, queiram contactar o autor deste relatório: João António, jantonio@ucp.pt 

Eis algumas das principais conclusões do primeiro estudo realizado sobre o Uso e consumo dos media pela população da Guiné-Bissau  

A rádio é considerada o principal meio de comunicação, visto quatro em cada dez Bissau-guineenses afirmarem ouvir rádio diariamente. O acesso à televisão está vedado a pelo menos 37% da população. Jornais e revistas são para um pequeno grupo. Apenas 3% dos inquiridos leem jornais ou revistas diariamenteEm termos de audiência, a rádio Sol Mansi é apontada como sendo a estação de rádio mais ouvida na Guiné-Bissau (42%).

Os canais de televisão mais vistos são a TGB (vista por 32% dos Bissau-guineenses) e a RTP (14%) por entre  os 48% dos inquiridos que veem televisão. Os critérios de escolha para os canais mais visionados relacionam-se com a programação, com a língua em que transmite, a qualidade dos programas de informação ou o interesse pelos programas de entretenimento, em detrimento dos critérios ideológicos, como a defesa de ideias políticas próximas das do entrevistado ou a defesa do seu partido político.

65% das pessoas que veem televisão costumam ver programas de informação. 

Excluídos do acesso aos media tradicionais. Identifica-se um grupo significativo da população (14% do total da amostra) que nunca ouve rádio nem vê televisão. Este grupo não é homogéneo. São mais mulheres do que homens. São essencialmente pessoas mais jovens ou mais velhas. Esta exclusão é claramente marcada pelo nível de instrução e também em termos regionais parece haver um desequilíbrio.

No que diz respeito à internet, verifica-se que 47% da população com 16 anos ou mais, já utilizou a internet pelo menos uma vez. A faixa etária que mais utiliza a internet está compreendida entre os 25 e os 49 anos.A maior parte da conexão é feita através do telemóvel. 41% dos entrevistados utilizam as redes sociais e procuram, na sua maioria, informação sobre a vida de familiares, amigos ou sobre temas relacionados com a sociedade em geral.

Já o estudo sobreas Condições financeiras dos órgãos de comunicação social da Guiné-Bissau revela o seguinte: 

Os órgãos de comunicação social (OCS) entrevistados têm em média 17 trabalhadores. Oito dos trinta (27%) órgãos de comunicação social têm até 10 trabalhadores. As redações das entidades entrevistadas são na sua maioria muito reduzidas, com cinco ou menos profissionais ao serviço. 

As despesas anuais indicadas pelos OCS variam entre 750. 000,00 XOF (1,143,37 euros) e 33M XOF (50,308,18 euros).  O que perfaz uma média de 5.500.000,00XOF (8,384,70 euros) por ano, sendo as parcerias com ONGs nacionais e internacionais as principais fontes de financiamento.

Em relação ao tipo de apoio que os OCS recebem, 30% dos OCS  declaram receber apoio financeiro do Estado, com valores que variam entre 0,1M XOF (152,40 euros)  e 4M XOF (6,097,96 euros). Dezoito OCS (60%) recebem das organizações internacionais valores que variam entre 0,2M XOF (304,90 euros) a 9,5M XOF (14,482,66 euros).  Dez OCS (30%)  recebem apoio de cidadãos e seis OCS (20%) do setor privado. Foram ainda referidos apoios não financeiros variados, tais como combustível, materiais informático, formação de pessoal, geradores, entre outros.

A receita anual de publicidade total das 30 OCS abrangidas neste estudo é de 33,5M XOF (51,070,42 euros), variando entre zero e 7M XOF (10,671,43 euros).

A maioria retrata um quadro de normalidade e/ou de crescimento/ melhoria da qualidade do jornalismo no país nos últimos três anos. Embora em reduzido número, importa atender a respostas que indicam um crescimento da politização / partidarização de alguns órgãos de comunicação social.

Quase todos os entrevistados alertam para o impacto que as carências económicas têm no trabalho dos jornalistas. Referem nas suas respostas que a autonomia financeira dos OCS e dos jornalistas é fundamental para garantir a liberdade e independência dos jornalistas. Vários inquiridos alertam para o risco de profissionais mais frágeis estarem mais suscetíveis a passarem a trabalhar segundo outros interesses que não o da profissão.

Ficha técnica:

Este inquérito foi realizado pelo CESOP–Universidade Católica Portuguesa para a UNIOGBIS e para o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. O trabalho de inquirição decorreu entre os dias 6 e 14 de novembro de 2020. O universo alvo é composto pela população residente na Guiné-Bissau com 16 ou mais anos de idade. Foram realizadas entrevistas em 80 locais, entre bairros/zonas de zonas urbanas e tabancas em zonas rurais, selecionados aleatoriamente. Em cada local, os inquiridos foram selecionados aleatoriamente. Todas as entrevistas foram efetuadas presencialmente e as respostas foram registadas numa aplicação em tablet ou telemóvel (CAPI). Os inquiridos foram informados do objetivo do estudo e demonstraram vontade de participar. Foram obtidos 3572 inquéritos válidos, sendo 47% dos inquiridos mulheres. Foram realizadas entrevistas em todas as regiões do país, sendo esta a distribuição dos inquiridos: Bafatá, 12%; Biombo, 10%; Bolama, 1%; Cacheu, 14%; Gabú, 8%; Oio, 17%; Quinara, 7%; SAB, 24% e Tombali, 8%. Um pouco mais de metade dos inquéritos foram realizados em contexto urbano e um pouco menos de metade em contexto rural. Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo, escalões etários, região e habitat (rural/urbano) com base nos dados do Inquérito aos Indicadores Múltiplos (2014) e do Recenseamento Geral da População e Habitação (2009).  

Apresentação do estudo hábito de consumo dos media em Guiné-Bissau por João António, CESOP à convite da ONU e PNUD

Apresentação dos Estudos sobre os Hábitos de consumos de media na Guiná-Bissau, em conferência de imprensa, pelo Coordenador Geral, João António, à convite das Nações Unidas na Guiné-Bissau, PNUD e Consórcio Média, Inovação da Comunicação Social, tida lugar no dia 23 de dezembro, no Centro Profissional de Jornalismo em Quelelé.



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