Destaques Estudo de Opinião: O que une os Portugueses?
A opinião sobre a união entre os portugueses não é consensual – 44% consideram que existe união, 32% atribuem um grau moderado de união e 24% declaram que não existe união. Para além destes resultados globais, verificam-se diferenças no grau de união atribuído segundo o Nível de Instrução – os indivíduos com níveis de instrução mais elevados (secundário e superior) consideram que os portugueses são mais unidos.
As perceções sobre os fatores de união e os elementos de identidade dos portugueses também variam fortemente em função do Sexo, da Idade e da Instrução, podendo-se afirmar que o país se encontra dividido relativamente a estes temas.
Os mais jovens e instruídos vêem a imagem de Portugal associada principalmente a elementos identitários associados ao turismo (sol, praia, gastronomia), bem como ao fado e à selecção nacional, o que sugere uma reapropriação destes símbolos. A união faz-se em torno de fatores ligados à cidadania (por exemplo, melhorar a transparência política ou atenuar desigualdades económico-sociais).
Já para os menos jovens e menos instruídos, também com rendimentos mais baixos (logo, mais vulneráveis), Portugal é associado a elementos identitários mais tradicionais (bandeira, Fátima); e os fatores de união valorizados remetem para necessidades básicas (combater a pobreza, melhorar o sistema de saúde). Trata-se aqui de uma união ancorada ao nível local (bairros, aldeias), em redes de solidariedade primárias (eg. laços familiares, solidariedade), para dar resposta a necessidades imediatas e que mais afetam a vida do dia-a-dia.
Relativamente ao grau de envolvimento em causas de interesse comum, as opiniões também se dividem – 54% consideram que os portugueses se mobilizam, 28% pensam que se mobilizam moderadamente e 18% referem que não existe mobilização.
Os portugueses vêem exemplos da capacidade de união/mobilização em diversos tipos de eventos: em torno de acontecimentos extraordinários na esfera do lazer e entretenimento (eg. Euro 2004, festivais de música), religiosos (eg. peregrinações a Fátima, visita do Papa) e culturais (eg. Expo 98, Capitais da Cultura); e, também, expressa em acontecimentos históricos marcantes (ex. Descobrimentos, 25 de Abril). Estes eventos, quer os extraordinários quer os históricos, são simbólicos e exemplares da capacidade de construção dos portugueses.
No entanto, é importante salientar que existe também a perceção de uma união desequilibrada no sentido em que a mobilização se tende a concretizar mais em causas pontuais (jogos Selecção, Euro 2004, catástrofes naturais, como cheias ou tornados, libertação de Timor Leste) do que em causas estruturais (pobreza, sistema de saúde, funcionamento da justiça).
Existe um forte sentimento de ligação dos portugueses ao seu país - 84% dos inquiridos sentem-se ligados ou muito ligados a Portugal. Dado este número elevado de portugueses que se sentem muito ligados ao país, podemos dizer que esta ligação é o que mais une os portugueses. No entanto, o orgulho no país gera um nível de concordância mais baixo - apenas 60% se sentem muito orgulhosos - orgulhamo-nos dos grandes feitos do passado (os Descobrimentos, o 25 de Abril), ou feitos mais recentes (na Ciência, no Desporto ou nas Artes), mas temos algum embaraço no sistema político e económico (por exemplo, nos feitos económicos, ou no modo como funciona a democracia).
Metodologia
O estudo foi conduzido em parceria pelo CESOP e pela Ipsos Apeme.A Ipsos Apeme foi responsável pela fase qualitativa prévia (concretizada em reuniões de grupo com consumidores), exploratória dos temas, perceções e opiniões a incluir na fase quantitativa (inquérito).O inquérito foi realizado pelo CESOP – Centro de Sondagens da Universidade Católica, junto de uma amostra de 1142 indivíduos, representativa dos residentes em Portugal Continental, maiores de 18 anos. A amostra foi seleccionada aleatoriamente e de forma multietápica e o erro amostral é de ± 2,9% (com um grau de confiança de 95%). O trabalho de campo decorreu entre os dias 15 e 17 de Fevereiro e foi conduzido por 61 colaboradores habituais do CESOP que receberam formação específica para o efeito, com supervisão de 13 coordenadores.
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